No inicio dos tempos
havia um ser que não podia ser descrito, tocado ou enxergado. Era apenas uma
essência pairando no ar.
A essência nada mais
é do que uma energia que pode criar qualquer coisa, ela pode ser sentida, mas
não havia quem pudesse senti-la.
Ele vivia em um
lugar escuro e infinito que parecia abandonado, nesse lugar existia uma enorme
bola de fogo, que por nós é conhecida como Sol.
Então o tal ser
resolveu criar...
Primeiramente ele
pegou uma pequena parte de sua essência e criou três seres, o primeiro ele
chamou Terra, o segundo de Água, e o terceiro de Fogo. Eram seres que ele
achava imprescindíveis para sua obra final.
Após, ele pediu para
que eles criassem um lugar que pudesse gerar vida ser que ele tivesse que
intervir, também foi pedido para que o tal lugar se parecesse um pouco com os
outros lugares que ele havia criado, mas os mesmos eram desabitados.
Algum tempo depois,
o lugar estava pronto, mas por algum motivo a vida não florescia sozinha.
O lugar era
gigantesco, tinha a forma de uma elipse, era maior parte coberta por água,
abaixo uma espessa crosta de terra e rochas e no seu núcleo uma enorme bola de
fogo.
O lugar era tomado
por um vácuo enorme, frustrado por mais uma falha, o ser optou por uma ultima
tentativa.
Então ele criou o
Ar, um ser que dominaria o território acima da água e da terra.
A vida...
Depois de algum
tempo, a vida começou a florescer, plantas começaram a tomar o território,
novas espécies começavam a nascer.
Finalmente tudo estava dando certo, o seu
mundo estava criado, mas os seres que ali habitavam não eram da forma que ele
imaginou. Eles não pensavam, simplesmente agiam por extinto, eram burros.
Desolado, foi
acalmado por seus filhos, pois ainda era cedo para desistir.
Um longo tempo
depois. Duas espécies começaram a se destacar, os Homens, por sua inteligência
e organização, e os Mitsojiks, por sua força e controle de essência.
Feliz por ver que
tudo estava como ele imaginou, resolveu criar um ultimo ser antes de partir,
esse ser ficaria no seu lugar, ele teria uma boa parte de sua essência.
A essência era
metade boa, metade ruim, isso simbolizaria o equilíbrio no mundo, o nome do
novo ser era Chinzu.
E então ele partiu, deixando o mundo na mão de seus
filhos...
Após muito tempo
depois ele retorna ao lugar que criou e vê um mundo totalmente diferente do que
ele planejou.
Os homens chamavam
seus filhos de deuses, Chinzu havia se voltado contra os homens e seus irmãos.
Chinzu liderou os
mitsojiks em uma guerra contra os homens, que foi parada após a chegada do criador.
O criador decidiu
que o melhor a se fazer era dividir as essências do equilíbrio, a essência
Chinzu foi dividida em duas partes e renasceria em duas crianças daqui a
setecentos anos. E após a morte deles renasceria novamente em setecentos anos,
isso se repetiria eternamente. Os mitsojiks deveriam servir eternamente as
famílias dos guerreiros que morreram em batalha.
Antes de partir
novamente, ele pediu para que seus filhos ensinassem aos homens a controlar a
essência e que eles deveriam escolher um homem cada, para dividir sua essência,
esses homens seriam imunes a doenças e a velhice. Ele ordenou que após dividir
as essências, eles deveriam partir.
Duzentos anos
depois, Terra encontrou um homem que ele achava digno de receber a dádiva proposta
pelo criador, seu nome era Ichiro, um camponês de 40 anos que perdeu a família
em um incêndio, ele era forte e destemido.
Terra então partiu e
deixou seus irmãos.
Cento e quinze anos
depois de Terra partir. Água encontrou alguém que lhe parecia ter uma grande
determinação, seu nome era Ália, uma jovem garota de 18 anos, filha única e de
olhos azuis.
Foi a vez de Terra
partir.
Mais duzentos e cinquenta
anos se passaram, Ar ainda confuso com a sua escolha, pois tinha vários alunos
dignos, mas um se destacava, estava a beira da morte, com 70 anos, Quinn, um
velho cheio de arrependimentos de um passado nada glorioso. Ar decidiu que ele
seria melhor escolha.
Então ele se foi.
Desde a partida de
Ar já havia se passado mais de cem anos, foi então que Fogo encontrou um
garotinho, este parecia estar perdido, com lagrimas no rosto e a roupa suja ele
chamou a atenção de Fogo.
– O que você esta fazendo aqui sozinho garoto?
– Meus pais sumiram –. Disse o garoto com a voz tremula.
– Qual o seu nome? –. Pergunta Fogo.
– Shaun. –. Responde o garoto.
Shaun, um garoto
magrinho, de olhos arregalados, cabelo castanho e bagunçado.
“Esse garoto tem
algo de especial, eu sei disso”, pensou Fogo.
Os pais de Shaun
nunca foram encontrados, Fogo se tornou seu mestre e seu melhor amigo. Ele
sabia que seria Shaun seu substituto, mas qual seria o momento certo, era uma
duvida que estava deixando ele louco.
Quando Shaun
completou 27 anos, Fogo decidiu que seria essa a hora certa, pois faltavam
poucos anos para as crianças nascerem.
Fogo partiu e deixou
Shaun no seu lugar, Shaun agora com 27 anos, não mais tão magro como antes,
cabelo bagunçado e um chapéu de palha cônico que carrega nas costas.
Terei 27 anos pelo
resto da vida, acho que o melhor a se fazer é beber para comemorar, pensou
Shaun com um sorriso no rosto.
Alguns anos se
passaram...
Um grito de dor ecoa
no ar, vindo de uma cabana feita com bambu e palha, o grito era de uma mulher
prestes a dar a luz, seu rosto era pálido, seus lábios estavam roxos, veias com
um misto de roxo e verde, eram saltadas em seu rosto que um dia foi belo.
Viúva a menos de uma
semana, seu marido morreu em meio a uma guerra entre dois vilarejos, ele era
forte e destemido, era crente aos deuses e a única coisa que ele temia era o
retorno de Chinzu, um deus que havia sido esquecido pelos homens a muito tempo.
A dor só vinha a
aumentar, seus olhos estavam lacrimejando, os gritos cessaram, ela apenas abria
a boca, mas os gritos não saiam mais.
A boca totalmente
seca e rachada, seus olhos quase fechando, tudo estava embaçado e girando, ela
não sentia mais dor, uma sensação boa tomou o seu corpo, uma sensação de
alivio, seu corpo começa a adormecer.
Uma velha senhora
tentava fazer o parto.
De repente o choro
de uma criança recém nascida é escutado pela mãe que esta à beira da morte, ela
olha para a criança no colo da senhora e abre um leve sorriso.
– É um menino. – Diz
a senhora com uma expressão de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.
– Ele vai se c-cha-a-mar...
– Diz a mãe gaguejando totalmente sem forças.
– Kitai Akura! – Exclama ela com pouca força, quase sem som.
A dor volta pior do
que antes, ela se agarra nos panos da cama com muita força, seus pés começam a
se contorcer, a velha a olha espantada.
Ela tenta gritar,
mas a voz parece não sair, apenas gemidos de dor, seus olhos já sem brilho veem
a velha levantar outra criança.
– São gêmeos! Grita
a velha com esperança de que a jovem não morresse ali.
– Yoku Akura. – Fala
a jovem com suas ultimas forças, seus olhos sobem até aparecer apenas à parte
branca do globo ocular, sua respiração fica fraca, seu coração bate fracamente
até que para de vez.
Uma lagrima escorre
da velha que vê a jovem mãe ali, sem vida.
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